Japão "voltará" a caçar baleias no Oceano Norte
- Camila Bueno
- 27 de dez. de 2018
- 4 min de leitura
Mas calma!! Vou tentar te acalmar mostrando um lado bom nessa história...
Foi essa notícia que me deu um start para começar a escrever, eu fiquei muito, mas muito revoltada. Em pleno Séc. XXI, com as coitadas das baleias já sofrendo com lixo, poluição das águas, aquecimento global, poluição sonora, redes fantasma... me vem essa notícia que agora o Japão se juntará à Noruega e à Islândia como nações baleeiras no Pacífico Norte e no Atlântico Norte.
Assim como eu você deve ter pensado: mas eles devem ter alguma justificativa muito boa ne? Pois é, a única que eu encontrei foi a de que é a cultura deles comer carne de baleia, e por isso vão continuar. Outro argumento deles é que caçar um animal selvagem em seu habitat natural, ao invés de criá-lo em cativeiro com a única intenção de matá-lo para proveito humano seja mais ético. O ex-chefe da delegação da Noruega na Comissão Baleeira Internacional apresentou ainda o seguinte argumento "Nós os matamos pela carne e não vemos diferença entre matar uma baleia-de-minke e um alce, desde que isso seja feito sem crueldade."
Na minha opinião (não to falando que é a certa, apenas que é o que eu acredito) não temos que discutir o que é mais ou menos ético, mas sim a questão ecológica por trás de tudo isso.
Para explicar meu ponto de vista, vou falar um pouco das lindas e maravilhosas baleias do Oceano Norte. Como elas sofrerão muito nos próximos anos, que elas tenham pelo menos momentos de glória entre nós. Elas incluem todas essas baleias (e golfinhos) da imagem abaixo

Todas essas bbs estão ameaçadas, ou criticamente ameaçadas de extinção, ou ainda não possuem dados suficientes para definir seu grau de risco. Elas são seres extremamente inteligentes, com relações sociais muito complexas, e cada espécie possui linguagem própria. Em algumas espécies, os machos fazem serenatas para as fêmeas em período reprodutivo, cantando sempre a mesma música, mas tomando o cuidado para, em cada época, alterar o refrão, lançando um hit a cada período. O coração da grandona ali da imagem chega a ser maior que um fusca.
Agora que foram devidamente exaltadas, vou falar um pouco como elas já estão sofrendo. A poluição sonora gerada por navios e seus equipamentos prejudica muito a comunicação entre elas, o que afeta a reprodução (acabam com o clima romântico das coitadas!!). Outro problema sério são as redes fantasmas, deixadas por navios pesqueiros, nas quais as baleias se prendem e morrem afogadas, em uma morte lenta de quase um ano! Sim, baleias precisam subir pra respirar, elas possuem pulmões e por isso tem aquele furinho em cima delas.
Outra morte lenta e dolorosa ocorre quando elas são caçadas. Mesmo com equipamentos de última geração, a morte delas não é nada "humanizada". Além disso, como elas normalmente não estão sozinhas, causam estresse e aterrorizam os familiares que testemunham a cena.
Dessa forma, a discussão vai muito além de qual animal é mais ou menos certo matar, ou qual a forma mais ética de se matar um animal para consumo humano. Acrescendo ainda que vai muito além de uma questão cultural também. Vamos lembrar que era cultural mulher não poder estudar ou trabalhar, mas o fato de ser cultural não perdoa o fato de ser algo errado. Não é porque é cultural que deve ser imutável sob qualquer circunstancia.
Os problemas que as baleias enfrentam hoje já as colocam em risco, a caça com equipamentos desenvolvidos a partir da tecnologia que temos hoje aumentaria este risco absurdamente. Elas possuem período reprodutivo demorado, com muitas espécies chegando ao período fértil apenas aos 11 anos de idade ou até mais. Matá-las antes disso causaria um desequilíbrio enorme em suas populações. Se não acreditam que não dá certo caçar baleias para consumo humano, é só revisarem o risco que estas populações se encontravam antes da Comissão Baleeira Internacional ser criada.
O que mais me incomoda é como a gente se vê no direito de matar um animal tão grande, tão complexo, resultado de um processo de evolução tão maravilhoso, simplesmente para satisfazer uma fome que poderia ser satisfeita com um custo muito menor. Transformar uma criatura mágica daquelas nisso, pra mim, é de partir o coração.

Mas como tudo na vida, sempre temos que tentar achar um lado bom. Eu achava que seria impossível algo bom sair disso, até eu ler a matéria da Sea Shepherd, uma ONG que combate navios japoneses no Oceano Sul e já salvou mais de 6000 baleias desde 2002.
Os navios japoneses caçavam no Santuário de Baleias do Atlântico Sul alegando que seria puramente para fins científicos. Com essa mentirinha, eles mataram em torno de 300 à 400 baleias por ano, em um santuário!! (cabe ressaltar que tem populações de baleias hoje que não passam de 350 indivíduos). Mas enfim, a boa notícia é que, com a saída do Japão da Comissão Baleeira Internacional, eles não possuem mais nenhuma desculpa para caçar em águas internacionais, e o santuário finalmente será instaurado.
Assim, ao analisarmos a situação, a saída do Japão possibilitou a paz das baleias do Oceano Sul, alterando o foco de ONGs como a Sea Shepherd para o Norte, onde o problema sempre foi alarmante.
❤️