Blu não está morto!!
- Camila Bueno
- 8 de jan. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jan. de 2019
A ararinha-azul, muito famosa graças à animação “Rio”, foi tida como extinta da natureza por muitos sites de notícia, mas ainda há esperança.
Primeiramente, qual das araras da imagem abaixo é a ararinha azul?

Isso mesmo, nenhuma!!
1. Arara-azul, da espécie Anodorhynchus hyacinthinus, que ocorre principalmente pantanal.
2. Arara-azul-de-lear, da espécie Anodorhynchus leari, que ocorre caatinga no norte da Bahia.
3. Arara-canindé, da espécie Ara ararauna, que possui ampla distribuição.
A ararinha azul que estou tratando é esse xuxuzinho aqui:

Ela é da espécie Cyanopsitta spixii e ocorria (ou ocorre) em uma certa área de caatinga na Bahia. Suas principais ameaças são o tráfico ilegal de animais silvestres e o desmatamento.

Agora vou explicar um pouquinho sobre extinção. Você já deve ter ouvido falar sobre a IUCN (International Union for Conservation of Nature) ou então sobre a Red List (lista vermelha em português). A IUCN é o órgão responsável por manter a lista vermelha atualizada. Nessa lista encontramos o grau da ameaça de extinção de espécies previamente descritas. Esse grau é dividido em 9 categorias, explicadas bem bonitinho no site deles: <https://www.iucnredlist.org/>. As categorias mais tristes são “extinta na natureza” e “extinta”.
De acordo com a IUCN, dizer que uma espécie está “extinta na natureza” significa que ela existe apenas em cultivo, cativeiro ou populações naturalizadas. Ou seja, não se vê mais aquele animal natureza mas ainda há representantes em zoológicos, por exemplo. Deixo aqui uma obs de que esse é um dos motivos para eu considerar zoológicos tão importantes.
No caso da ararinha azul, o órgão responsável por colocá-la nessa categoria foi a BirdLife International, que corresponde a uma parceria entre órgãos de conservação de aves. Ela não segue o método proposto pela IUCN.
Segundo ela, a amostragem da área de ocorrência da espécie já foi feita, e a última vez que um indivíduo dessa espécie foi visto correspondia a um fugitivo de um cativeiro, não sendo portanto natural daquela área. Porém, na Red List a ararinha continua categorizada como criticamente em risco de extinção.
Diante essa discussão, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão brasileiro vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), declarou que ainda há áreas de ocorrência da espécie que precisam ser investigadas e que não há provas de que a ararinha vista em 2016 era mesmo proveniente de cativeiro.
Entretanto, mesmo que ela ainda exista na natureza, com certeza há poucos indivíduos. Como em cativeiro ainda existem 158 ararinhas, o plano agora é tentar reintroduzir a espécie em sua área de ocorrência. Para isso, acordos foram feitos entre o ICMBio, o MMA e um aviário de Berlim que participa da Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP), a qual toma conta de 90% dessas 158.
Nesses acordos decidiram translocar 4 ararinhas do aviário para um zoológico Belga chamado Pairi Daiza. A escolha do zoo se deveu ao fato de que diversos estudos de reprodução de ararinha azul já foram realizados lá. A ideia é cruzar estes 2 casais por inseminação artificial, devido a dificuldade de reprodução da espécie, e preparar os filhotes para serem soltos aqui no Brasil.

A preparação é necessária para que eles aprendam a viver sozinhos, sem depender de hora para comer e outros luxos que são oferecidos em zoológicos. Todo esse processo começou em Julho de 2018 e a meta é translocar 50 dessas ararinhas (tanto as recém nascidas quanto outras do cativeiro) para o Brasil no primeiro semestre de 2019. Aqui elas continuarão a reabilitação e a soltura está prevista para 2021.
Essa foi uma notícia que me deixou muito feliz: saber que ainda tem pessoas que se importam, investindo muito esforço e dinheiro neste projeto. Vamos torcer para dar certo, com muitos Blus soltos e felizes lá na Bahia!!
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